Foto: Daniel Miranda

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Proprius XXII

Proprius XXII

A imponência do Universo o assusta. Proprius XXII está prestes a partir em sua missão, uma viagem solitária e sem volta até o primeiro ser consciente que encontrar. Ele pertence a um grupo de partículas elementares ainda não detectadas pelos humanos, os inspírions. Ao contrário de seus primos ignorantes como os fótons, os elétrons ou os quarks, os inpírions podem pensar, se comunicar e até mesmo expressar sentimentos.

Os inspírions são as partículas da inspiração. Eles contêm informações a respeito do Universo e se juntam a algum ser para que essas ideias sejam expressas. Suas vidas acabam quando o objetivo é cumprido ou, na desgraça, quando o hospedeiro morre sem transmitir o pequeno pedaço de informação ao qual um inpírion é responsável.

Proprius vem de uma família controversa, que divulga a existência dos próprios inspírions. Cada família é responsável por uma ideia, e um novo membro só nasce quando o anterior morre. Em geral, uma família não interfere nos assuntos das outras, mas a Proprius era uma exceção. O décimo terceiro se ligou a uma das raças mais antigas do Universo e uma das mais avançadas na época, os Saurianos. Várias missões terminaram precocemente, e o local de nascimento dos inspírions perto do início do Universo quase foi descoberto. Felizmente para os outro seres, os Saurianos colapsaram antes que pudessem fazer um estrago maior.


Proprius XXII começa sua jornada rumo ao centro da Via Láctea. Ao contrário do que se acredita, os fótons não são as partículas mais rápidas do Universo. Em instantes, ou numa eternidade dependo do referencial, Proprius chega à borda da galáxia. Quando está passando perto de uma pequena estrela amarela, ele perde o controle de seu trajeto. Seria obra de um misterioso gráviton, do qual nem mesmo os inspírions sabem da existência?


- Ah, m...! – Proprius xinga quando percebe que iria atravessar um planeta cheio de seres pensantes.


É praticamente impossível passar por ali sem se chocar com algum hospedeiro em potencial. E eis que a viagem de Proprius termina precocemente ao ir de encontro com um homem de 27 anos tomando banho. E assim que se instala, sua nova moradia pensa:

- Tive uma ideia para um conto. Vou escrever a respeito das partículas de inspiração.

Semanas se passam e Proprius sabe que está fadado ao fracasso. Mesmo que não tenha chegado ao destino original, se ao menos esse humano preguiçoso escrever o tal conto, sua vida não teria sido de todo em vão. E numa quarta-feira de manhã, estas palavras são finalmente escritas.

Missão (praticamente) cumprida.

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